VI Encontro Latino-Americano e Europeu sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis
XII Encontro Latino-Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis
XII Encontro Latino-Americano sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis
Inaugurado em 1961, o edifício foi projetado pelo Escritório Técnico da Universidade do Brasil (ETUB), atual ETU/UFRJ, sob direção do arquiteto Jorge Machado Moreira, como sede originalmente da Faculdade Nacional de Arquitetura (FNA), atual FAU/UFRJ, e foi o segundo edifício a ser ocupado na Ilha do Fundão. Este integra-se de maneira harmoniosa ao entorno com destaque para sua volumetria, sendo formado por um bloco principal de oito pavimentos (bloco A), ligado a dois blocos transversais que conformam pátios internos projetados por Burle Marx (bloco C e D), conectando-se a um segundo bloco longitudinal de dois pavimentos (bloco D). A fachada frontal do bloco B é marcada por um painel artístico em concreto armado de autoria de Roberto Burle Marx.
O Edifício Jorge Machado Moreira possui quase 60.000m² de área construída e está situado em um terreno de 80.000m², cuja concepção seguiu a lógica dos Cinco Pontos de Le Corbusier, além de priorizar a ventilação predominante e a insolação natural. Tanto o mezanino, no inteiror do prédio, como o pilotis funcionam como espaços de convivência e exposições, reforçando a ideia de praça coberta. Os jardins dos pátios internos foram projetados por Burle Marx para criar uma continuidade entre o ambiente interno e o externo, permitindo um diálogo entre a construção e a natureza, cujo paisagismo não era apenas estético. Os espaços externos foram concebidos como uma extensão do ambiente educacional e os jardins pensados como uma sala de aula ao ar livre, valorizando a experiência sensorial dos usuários com a vegetação e o clima do Rio de Janeiro. Os pátios do JMM são compostos por espelhos d’água, agrupamentos arbóreos, maciços arbustivos e forrações, favorecendo a ventilação cruzada e a entrada de luz natural no interior do prédio, colaboravam para o conforto térmico.
Em 2023, foi inaugurada no segundo andar do edifício a Biblioteca Integrada EBA-FAU-IPPUR, especializada em arquitetura, artes, design, urbanismo, planejamento e gestão pública, a qual reúne os acervos das três unidades. O acervo da biblioteca abrange, portanto, mais de 90 mil itens, com mais de 93.000 exemplares, quase 50.000 títulos e aproximadamente 36.500 livros eletrônicos, sendo o maior das Américas.
O projeto da Cidade Universitária da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) está diretamente ligado a uma grande intervenção de engenharia e urbanismo no Rio de Janeiro, realizada a partir da década de 1940. Na época, o governo do então Distrito Federal tinha como objetivo construir um campus moderno, inspirado em modelos norte-americanos e europeus, que expressasse também o espírito de modernização urbana da cidade. A área onde hoje está a Cidade Universitária foi criada a partir da união de um arquipélago de oito ilhas: Ilha do Fundão (a maior delas, que dá nome ao conjunto), Ilha do Catalão, Ilha das Cabras, Ilha do Baiacu, Ilha do Pindaí do Ferreira, Ilha do Pindaí do França, Ilha do Bom Jesus da Coluna e Ilha da Sapucaia. Entre 1949 e 1952, foi conduzido um projeto de aterramento e drenagem que visava unir essas ilhas em uma única área contínua, utilizando grandes volumes de material dragado da Baía de Guanabara, além de resíduos de obras urbanas da cidade.
Em 1949, Jorge Machado Moreira foi nomeado arquiteto-chefe para desenvolver o plano urbanístico e os projetos arquitetônicos do campus na Ilha do Fundão, sendo responsável por planejar diversas edificações e o traçado geral do campus até cerca de 1962. Sua proposta seguia os princípios do urbanismo moderno, com avenidas amplas, dispostas em traçado ortogonal, prevendo uma ocupação planejada e concebida para integrar edifícios, áreas verdes e infraestrutura de circulação. Entre os edifícios projetados, destaca-se o Edifício JMM, que foi premiado na IV Bienal de São Paulo, em 1957, e é reconhecido como bem histórico a ser salvaguardado. Os espaços livres (pátios, jardins e áreas externas) foram projetados por Roberto Burle Marx, conferindo ao conjunto uma relevante dimensão paisagística. Esses espaços interpenetravam o edifício, valorizando a transparência (pilotis e vidros), além de criarem um ambiente didático e esteticamente integrado.
O campus possui uma área de aproximadamente 5,2 km², a qual inclui uma importante área florestada preservada, o Parque da Mata Atlântica Frei Velloso, criado oficialmente em 1997, com o plantio de cerca de 40 mil mudas, que hoje abrange quase 17 hectares de Mata Atlântica. Além disso, desde 2003, compreende um Parque Tecnológico, que ocupa uma área de aproximadamente 350.000 m², cujo objetivo é promover a interação entre universidade, empresas e a sociedade, transformando o conhecimento acadêmico em soluções aplicáveis e impactantes. Atualmente abriga empresas de diferentes portes, centros de pesquisa e laboratórios de ponta. Dentro da Cidade Universitária também há uma Vila Residencial, com ocupação histórica de operários migrantes, muitos vindos do Nordeste e alguns estrangeiros, os quais vieram para o Rio de Janeiro sobretudo entre as décadas de 1960 e 1970, para trabalhar em grandes obras públicas, como a construção da Ponte Rio-Niterói.